sábado, 4 de abril de 2009

miserere nobis (português)


foto MP
02.04.09

Da minha vida esquizofrênica, entre ônibus, subúrbios, lares para idosos e brigas com a telefonia brasileira, fui convidado na quarta-feira para um almoço com artistas franceses que estão na cidade fazendo uma exposição franco-brasileira no centro cultural dos correios no pelourinho, uma dica imperdível. Lá no almoco conversando com um dos artistas (pena que meu francês só dá mesmo pra arranhar e não para filosofar), ele a me falar de suas impressões, dizendo ter visto na Bahia muita pobreza, mas não a miséria, esta no seu parecer ser impossível junto ao calor à música, ao samba; miséria no seu pensamento só se casa com o frio. Em parte concordo que com o frio, quem sente fome sofre muito mais no corpo. Mas em dizer que na Bahia não é possível existir a miséria, impossível concordar. Ele continuou ressaltando o
joie-de-vivre do bahiano, que canta e dança para esquecer-se da fome e da pobreza, sim uma anestesia. Mas e a miséria, ou melhor, as misérias. Física, econômica, intelectual, estas existem sim e demasiadamente. O crack, o grande anestésico da miséria, corrói ainda mais corpos e almas. A rede Globo de televisão e suas “concorrentes”, o maquinário principal da miséria intelectual, uma verdadeira ditadura da informação e do anestésico intelectual. A miséria econômica a que faz do dia-a-dia uma eterna luta pela sobrevivência e muitas vezes a geradora de inumeráveis oportunistas de todos os tipos e classes.
O sambar, o dançar, o cantar, a única catarse a se fazer no calor infernal para anestesiar a miséria, absolutamente sem contra-indicações.

3 comentários:

  1. "Miséria é miséria em qualquer canto
    Riquezas são diferentes"

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  2. depois do que vi aqui na capital da america do sul, bons ares, fico enos constrangido...

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