domingo, 26 de abril de 2009

o que é que a Bahia tem? 1

sábado de tarde. saio do lar franciscano na saúde pra subir o pelourinho. o comércio quase que fechando, a baixa dos sapateiros começando a cair no estado de deserto dos finais de semana. no pelourinho o baticum do olodum, que já ouvia de dentro do lar franciscano, me disseram ser a comemoração de trinta anos de existência. fui conferir. era uma meia duzia de dançarinos e de percussionistas que tocavam desde cêdo e uma outra meia duzia de turistas ao redor. disseram que mais tarde ia ter o caruru. subi para o terreiro de jesus, lá uns outros poucos turistas se aventuravam num mar de nada, alguns nativos se deixavam trançar os cabelos para o final de semana. desço a rua chile e começo a ver a quantidade de lixo que os comerciantes colocavam do lado de fora para a coleta, tres estudantes desconfiados andavam na minha frente, a menina insegura com a minha presença atrás dela, voltava a cabeça a nos inquietar em uníssono. finalmente cheguei a carlos gomes, paraceia ter sido invadida por um mar de sacos de lixo preto e azul, o sol brilhava em cima do lixo, na calçada da igreja de crentes um cara fumava sua pedra de crack em plena paz e em plana luz do dia. na frente do meu edifício um mendigo se servia do lixo do restaurante a quilo e almoçava com toda a calma diretamente dos sacos de lixo, cem metros acima, a mesma cena. meu estômago revirou de novo. fui fazer mercado no largo dois de julho, era lixo por todo lado, o suco com cheiro quase doce do lixo descendo dos sacos abertos e deixados para trás por quem já dali se serviu. no largo dois de julho, pessoas deitadas no chão, outras do lado sentadas em mesas de plástico de alguma companhia de cerveja, já tomam a sua cervejinha de final de semana sem nem se dar conta da miséria humana que os cerca.
fiz o meu mercado e logo voltei pra casa, pra fechar as portas e nada mais querer ver.

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