quinta-feira, 30 de abril de 2009

o que é que a Bahia tem? 2

MP, Bahia, 2008






CARTA ABERTA AOS POLÍTICOS DA BAHIA.



















Caríssimos e excelentíssimos Senhores,




tenho um metro e setenta e dois centímetros de altura, se abrir os braços em qualquer uma das calçadas no centro da cidade de Salvador, mal dá para alcançar a largura das mesmas, nossas calçadas são extremamente estreitas já pela própria natureza. Ir de A a B na avenida sete de setembro é um verdadeiro martírio, as mesmas calçadas são invadidas de camelôs já desde muito cedo, mesmo antes do horário oficial da abertura do comércio.




O pequeno vídeo que publiquei aqui neste Blog ainda ontem, mostra em parte esta tortura, já que o fiz antes do horário de verdadeira proliferação de passantes! As calçadas de pedrinhas portuguesa têm tantos buracos quanto a quantidade de camelôs, na frente das lojas acumulam-se “promotores de venda” com microfone nas mãos e com sons altíssimos e diga-se de passagem de péssima qualidade, o que vem a contribuir com um verdadeiro maremoto sonoro estrondoso para só aumentar o já falado martírio. Para um claustrofóbico impossível aventurar-se na avenida sete entre as dez da manhã e as sete da noite!
Eu cada vez que passo por lá – e isso devo dizer, acontece quase que diáriamente, já que resolvi me hospedar num apartamento na rua Carlos Gomes – fico a pensar e a sofrer junto com estas pessoas que lá quase que indignadamente passam o dia a lutar desesperadamente pela sobrevivência. Eu me pergunto diariamente: pode uma pessoa chegar em casa, depois de quase doze horas de trabalho, com uma mente saudável? Penso que não!


Com um conjunto arquitetônico fantástico, literalmente a cair aos pedaços, sem dono e sem futuro, fico eu de novo a me perguntar, por que não desapropriar muitas destas casas e destes edifícios e manter alí centros comerciais populares e dar de novo as calçadas de volta aos pedrestes e a possibilidade destes camelôs a gerarem impostos?
Renovar e manter o patrimônio das pedras portuguesas como deveriam ser, com seus desenhos lindos? A calçada de pedras portuguesas de copacabana, se muito não me engano é patrimônio da humanidade. E aqui na Bahia? Nem chão decente para se andar não se tem, nem o mínimo de dignidade para se viver, trabalhar e não padecer nem de surdez precoce e sem cura e pés e tornozelos intactos de acidentes???

Vejo a cidade como uma paisagem completamente esquizofrênica, onde o luxo e a miséria vivem lado a lado, como se fossem um velho casal, a suportar-se depois de tantos anos de casamento convenientemente arranjado, não se suportam, nã se falam nem se vêem, mas vivem alí lado a lado até que o apocalípse os separe.
Um centro histórico corroido pelo desprezo dos Senhores políticos, pelo comércio do Crack, e por um folclore de plástico e polyéster: uma mentira estética chamada de bahianidade, com cara de Disneylândia pobre e feia! Assaltos a luz do dia, violência e miséria como ordem do dia! E muitos turistas a se perguntar: O QUE É QUE A BAHIA TEM?!

Como bahiano, sinto-me envergonhado cada vez que volto à Bahia, também a me perguntar o que é que a Bahia tem? As praias cada vez mais feias, invadidas pelo plástico das companhias de cerveja; uma arquitetura desenfreada acabando com as belezas naturais da cidade; miséria e violência até aonde os olhos alcancem; sujeira e lixo a deixar a cidade com um cheiro de podridão e um ar de Bangladesh. Lixo para todos e Luxo para poucos? Turismo sexual para a “tinta fraca” com dollar e euro nas mãos??? E uma população cujo mote de vida é dar com os ombros a suspirar “tem jeito não”!?
Sinto uma enorme tristeza pela enorme vergonha que tenho quando por aqui desaporto!
E mais uma vez volto a citar o grande mestre Gregório de Mattos e Guerra:



A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar a cabana, e vinha,
Não sabem governar a própria cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos pelos pés os homens nobres,

Posta nas palmas toda a picardia.


Estupendas usuras nos mercados,

Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.*



*DESCREVE O QUE ERA REALMENTE NAQUELLE TEMPO A CIDADE DA BAHIA DE MAIS RNREDADA POR MENOS CONFUSA. Gregório de Mattos e Guerra.

Tem jeito não???
Ah tem sim!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

babilônia/babylon



março/märz 2009
09:30. 30°C


domingo, 26 de abril de 2009

Zeit

MP, März 09


davor hatte ich einfach schieß, letztendlich ist alles viel leichter als ich je denken könnte. sonntags nachmittags bin ich immer da, am anfang waren wir nur zu zweit, dann kam die erste, dann der zweite, heute waren wir im großen kreis, geredet, geplaudert, gelacht. ich lerne unglaublich viel von denen, vielleicht kann ich etwas zurückgeben. mit sicherheit ich werde sie alle vermissen. mit sicherheit lerne ich einen vater kennen der nie existiert hat.
gestern hatte eine ihn gefragt ob meine tattoos ihn nicht stören, er antwortete er ist mein sohn, er macht was er will, ich liebe ihn wie er ist.
ich bin sprachlos.


o que é que a Bahia tem? 1

sábado de tarde. saio do lar franciscano na saúde pra subir o pelourinho. o comércio quase que fechando, a baixa dos sapateiros começando a cair no estado de deserto dos finais de semana. no pelourinho o baticum do olodum, que já ouvia de dentro do lar franciscano, me disseram ser a comemoração de trinta anos de existência. fui conferir. era uma meia duzia de dançarinos e de percussionistas que tocavam desde cêdo e uma outra meia duzia de turistas ao redor. disseram que mais tarde ia ter o caruru. subi para o terreiro de jesus, lá uns outros poucos turistas se aventuravam num mar de nada, alguns nativos se deixavam trançar os cabelos para o final de semana. desço a rua chile e começo a ver a quantidade de lixo que os comerciantes colocavam do lado de fora para a coleta, tres estudantes desconfiados andavam na minha frente, a menina insegura com a minha presença atrás dela, voltava a cabeça a nos inquietar em uníssono. finalmente cheguei a carlos gomes, paraceia ter sido invadida por um mar de sacos de lixo preto e azul, o sol brilhava em cima do lixo, na calçada da igreja de crentes um cara fumava sua pedra de crack em plena paz e em plana luz do dia. na frente do meu edifício um mendigo se servia do lixo do restaurante a quilo e almoçava com toda a calma diretamente dos sacos de lixo, cem metros acima, a mesma cena. meu estômago revirou de novo. fui fazer mercado no largo dois de julho, era lixo por todo lado, o suco com cheiro quase doce do lixo descendo dos sacos abertos e deixados para trás por quem já dali se serviu. no largo dois de julho, pessoas deitadas no chão, outras do lado sentadas em mesas de plástico de alguma companhia de cerveja, já tomam a sua cervejinha de final de semana sem nem se dar conta da miséria humana que os cerca.
fiz o meu mercado e logo voltei pra casa, pra fechar as portas e nada mais querer ver.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

dia de Maria



















tem Mériló...
tem Mérilú...
Maria eu vou comer seu... bolo!
Méuris, Mériló, Mérilú, Méurissampa, prima, primalda, primãe, primona, Maricota, Mara... enfim, é seu dia!
FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!







MP, Maria na nossa ida ao trem musical no dia 08.03.09




segunda-feira, 20 de abril de 2009

20.04.09 (P & D)


MP, abril/April 2009


as tardes, a fresca no jardim, papos sem muita lógica. o tempo passa, nunca há de parar.

Nachmittage, die Brise am Garten, geplaudert wird's ohne viel Logik. die Zeit läuft, ohne Ende.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

para se viver na bahia.2


finalmente descobri porque na Bahia existem cronômetros nas sinaleiras.
é para se saber de fato o tempo que o baiano precisa quando o sinal abre para decidir enfiar o pé na embrenhagem, engatar a primeira, pensar mais um pouquinho na vida, colocar o outro pé no acelerador, largar a embrenhagem, dar tchau ou mesmo continuar a conversa com a pessoa que está do outro lado da linha do celular, dar uma espiadinha no espelho retrovisor(que é isso?) ver se tá tudo bom, afinal já disse um poeta baiano que aqui todo mundo é d'Oxum... ai, ai, ai, e finalmente atravessar o sinal.
ai que stressi!!!
canseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiii!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

pérola presidencial (P)

o presidente da república, esta semana comentando a decisão das presidencias dos três poderes em agilizar lei para facilitar a JUSTIÇA no Brasil...
Lula: pois é né, como médico e justiça a gente só precisa em hora ruim...

pausa longacompridaeextensa...

alguém dá para me traduzir esta pérola????
MP, 2006/2007

terça-feira, 14 de abril de 2009

sem palavras/ohne wörter.3


MP, Bahia, 04.09
Lar Franciscano

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Jerusalém (P)


mais e mais tenho a impressão de estar andando nas ruas de Jerusalém... cada vez que saio do apartamento da Carlos Gomes e já me deparo com uma infinidade de vendedores ambulantes, pastores de alguma igreja desconhecida a bradar em alto-falantes os fundamentos do novo testamento, das barraquinhas sobe um cherio de incesos e defumadores e deus e/ou JC é a palavra mais lida, em lojas, farmácias, camisetas, no carrinho do cafézinho, em panfletos, em chaparias de carros, no ônibus, no taxi - só mesmo assim ele(s) está/ão omnipresentes. não posso parar de pensar neste fenômeno: deus ou sejá lá qual seja o nome, como o provedor de tudo, da sorte, da má-sorte; da abundância e da carência; vida e morte. a Bahia como Jerusalém, é uma cidade que vive do folclore da crença e mesmo em meio ao século 21 de tantos avanços técnológicos, muito que ainda se vive quase que na idade média. estou há vinte anos fora deste contexto baiano, não participei do processo para se chegar aonde se está agora, mas sinto a cidade crescendo em muy diversas, variadas e antagônicas direções, meio mesmo que como se deus realmente existisse e a espichasse para os mais variados lados e para as mais variadas épocas. impossível querer se entender a Bahia, a Bahia não há de se deixar entender, será que é mesmo porque deus não deixa?



domingo, 12 de abril de 2009

para se viver na bahia.2 (português & deutsch)

MP, 2008





saio na rua com sêde. vejo a biboca: temos açaí.
entro e peço um.
já pela demorada pausa e um olhar inquietante do rapaz atrás do balcão, pensei: ih, tem mais acabou!

ele pergunta meio que sem muita convicção:
você quer é na tigela é?
eu devolvo... num tem não, né?
ele... mais ou menos, é que eu to esperando a menina vir trazer... um sorriso amarelo.
eu decido por ele: é num tem não.
eu volto outra hora...






ich habe durst. beim vorbeigehen sehe ich: wir haben açaí*
ich gehe rein und bestelle mir eins.
lange pause und fast verzweifelten blick in angesichts meiner bestellung.
ich denke mir, es gibt nüschts.
er fragt dann... willste auf'm becher?
ich revidiere: es gibt ja nicht oder?
er sagt, jain, wir warten nur auf das mädchen, es bringt die lieferung ja gleich**
ich entscheide: es gibt doch nicht... ich komme irgendwann noch mal vorbei.

*açaí: ein brasilanische frucht aus amazonien, meisten fast wie ein becher eis mit bananen und müsli serviert.
**gleich: ein sehr fragwürdiges konzept,die ausdehnung dieses ist grenzen und endlos in die möglichkeiten der ewigkeiten, bloß nicht GLEICH!!! 


quinta-feira, 9 de abril de 2009

45 (poruguês & deutsch)


foto MP.
Pai/Vater
Bahia 03/09















algumas razões pelas quais não gosto de festejar aniversário.
sempre cái perto da páscoa, difícil sempre foi juntar as pessoas.
apesar de todo o narcisismo, detesto ser o centro das atenções.
nasci de parto dificílimo, quase minha mãe morre, me arrancaram de fórceps e ela tinha quase 43.
na Alemanha já é, daqui a meia hora horário de Brasília completo 45.


einige gründe weshalb ich mein geburtstag nicht mag.
immer nah am Ostern, hard zu feiern.
trotz all mein Narzissmus (bitte nicht mit dem anderem Wort wechsel), hasse ich im Mittelpunkt zu sein.
mein Geburt war schwer, mit Zange, meine Mutter ist dabei fast gestorben, sie war 43.
in Deutschland zur Zeit ist ja schon, hier in Brasilien in ca 30 min werde ich 45.

para se viver na bahia.1

não é fácil viver na bahia. o calor é um fato e com elas as malditas muriçocas, maruins, mosquitos da dengue. são sete horas da manhã e hoje que bem podia dormir até um pouco mais tarde, fui simplemeste atacado por um convoio de muriçocas. estou aqui de péssimo humor e com calombos espalhados por todo o corpo, elas dando preferência às regiões glúteas e às pernas, sendo que fica mais difícil e complicado me coçar. uma simples picada já basta para me acordar. espero ser poupado da dengue, que me pegou no ano passado.
já não bastava a minha mais nova experiência de ontem de mais uma forma do tem-mais-acabou*, fui me inscrever ontem a noite numa acadêmia de boxe mais perto de casa, já que há algumas semanas estou num apartamento na Carlos Gomes, queria treinar mais perto de casa. achara três, decidi-me pela melhorzinha numa das ladeiras dos barris.
tem boxe?
tem? quais as condições?
50 reais?
só isso?
só isso!
informações tomadas na segunda-feira, fui ontem feliz e serelepe fazer a porra do boxe.
chego lá com meus 50 milréis na mão.
ah mas o senhor sabe da taxa de 60 reais para fazer a carteirinha, né?
claro que não sabia, como saber se o outro diálogo se deu exatamente da mesma forma como relatei?
eu me sinto quase invisível, ela continua a preencher a ficha, eu sinto que mesmo afirmando os acertos da segunda-feira, eu dizendo-me de passagem só mesmo menos de um mês para ir me embora e ela fazendo de conta que tudo era lindo continuava a digitar no seu computador... em já se sabendo que quando ela disse que tá tudo bem, pelo TOM da voz, coisa importantíssima a ser interpretada nos diálogos na bahia, que num tinha porra nenhuma de bem! ela me disse, encoste aí na parde para tirarmos uma foto.
de novo o tema da carteira, uma questão ainda sem resposta definitiva, cavuquei, seria um fiado virtual, já que ela ainda nada me dissera, mas cobraria provávelmente na semana que vem. depois da páscoa, antes do são joão, depois da micareta de feira...
tive vontade de dar um jep, um direto, cruzado, gancho, dois diretos e amassar a cara dela toda e arrebentar com o aparelho dental da mocinha. mas me contive voltei pra casa, me enchi de uísque para esquecer, dormi cêdo para deviadamente cedo ser acordado pelo batalhão de muriçocas.
contagem regressiva, em menos de um mês eu volto pra berlin.


* o complexo sistema bahiano do TEM-MAS-ACABOU tem variadíssimas formas e nuances que irei estudar aqui com mais calma.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

sem fotos/ohne fotos

e de novo prometeu, armou, nem choveu e nem saiu de cima. saiu sim de tarde quando na rua paletava, o sol castigando, vejo uma mulher sentada na grama. parecia passar mal. perguntei-lhe se lhe faltava qualquer coisa. nem devia ter perguntado. será? faltava muito, a sorte, a saúde, até mesmo a vontade de viver. convenci-a a levantar da grama, sentar na sombra, desabafou um pouco, senti uma impotência do tamanho do mundo. mais um dos muitos destinos que tenho encontrado nas ruas, sofrendo com o calor, com as dores, com tudo.
quem?
mais tarde no campo da pólvora uma outra, esta quase menina a amamentar uma outra menina. de fartos só mesmo os peitos. de leite. farto também o rosto, de dores.
cansei.

und schon wieder gab es versprechungen, dunkle wolken, schwere luft, hitze. und noch mal nüschts... es ist heiß und heißt es sei herbst. aber nichts um die hitze zu verabschieden. ich bewege mich nach dem mittagsessen, so schwer wie die luft selbst. die wolken sind verbannt, die sonne ist wieder da. auf dem grass sitzt eine frau. sie weint. ich stoppe und frage was es ihr fehlt. alles. gesundheit, geld, hoffnung, glaube und lebenswille. ich helfe ihr auf zu stehen, suchend nach schatten und abkühlung, höre ihre geschichte soweit ich nur kann. noch ein schicksal von den vielen hier. leiden.
später noch eine, fast ein kind, an ihre brust säugt ein anderes kind. das einzige was sie hat und zum glück viel milch. und leider so viel unglück.
ich bewege mich weiter, langsamer, die hitze ist böse.
ich bin müde.

terça-feira, 7 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

sábado, 4 de abril de 2009

miserere nobis (português)


foto MP
02.04.09

Da minha vida esquizofrênica, entre ônibus, subúrbios, lares para idosos e brigas com a telefonia brasileira, fui convidado na quarta-feira para um almoço com artistas franceses que estão na cidade fazendo uma exposição franco-brasileira no centro cultural dos correios no pelourinho, uma dica imperdível. Lá no almoco conversando com um dos artistas (pena que meu francês só dá mesmo pra arranhar e não para filosofar), ele a me falar de suas impressões, dizendo ter visto na Bahia muita pobreza, mas não a miséria, esta no seu parecer ser impossível junto ao calor à música, ao samba; miséria no seu pensamento só se casa com o frio. Em parte concordo que com o frio, quem sente fome sofre muito mais no corpo. Mas em dizer que na Bahia não é possível existir a miséria, impossível concordar. Ele continuou ressaltando o
joie-de-vivre do bahiano, que canta e dança para esquecer-se da fome e da pobreza, sim uma anestesia. Mas e a miséria, ou melhor, as misérias. Física, econômica, intelectual, estas existem sim e demasiadamente. O crack, o grande anestésico da miséria, corrói ainda mais corpos e almas. A rede Globo de televisão e suas “concorrentes”, o maquinário principal da miséria intelectual, uma verdadeira ditadura da informação e do anestésico intelectual. A miséria econômica a que faz do dia-a-dia uma eterna luta pela sobrevivência e muitas vezes a geradora de inumeráveis oportunistas de todos os tipos e classes.
O sambar, o dançar, o cantar, a única catarse a se fazer no calor infernal para anestesiar a miséria, absolutamente sem contra-indicações.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

02.04.09 (português & deutsch)

esta foto ao lado eu tirei na minha visita do ano passado. quando das muitas vezes em que ia ao caminho de areia visitar meu pai, subia as escadas silenciosamente para que não pecebessem a minha chegada. esta era sua vida, sentado na sala olhando para o chã e a secretária defronte no sofá a enfiar peido em cordão e a folhear umas revistas caras que ela pegava na casa de minha tia. e só. isso me deprimia muito. em saber que em se chegando a velhice nada mais além de nem mais vontades ter, saber-se preso nos limites geográficos de um apartamento, nos psicológicos de quem mais perto estiver e principalmente nos físicos, por não mais poder locomover-se só, na hora em que quiser, para onde quiser... muitos dos motivos porque eu nã quero envelhecer! meu pai quer, tem um medo horrível da morte, tem mais medo dela do que os desgastes da velhice. enfim, pelo menos agora passados tres dias da mudança a diferença da qualidade de vida dele mudou demasiadamente. quando chego de tarde para lhe visitar já nã o encontro atrás de grades com o rosto debruçado pro chã. encontro-o sim num jardim arejado, ele de rosto erguido e feliz.

dieses Foto habe ich letztes Jahr geschossen. es hat mir sehr mitgenommen jedes mal als mein Vater in seiner Wohnung besucht habe, ihn hinter Gitter zu sehen, das Gesicht zu Boden, der Fernseher lief laut und er wusste nicht mal was da lief. oft, wie in diesem Augenblick wo ich dieses Foto machte, lief ich ganz leise die Treppe hinauf, damit keiner merkt dass ich kam. jedes mal hatte die Szene mich deprimiert, nicht nur seinetwegen, aber auch die Gedanken über's das altern, die Grenzen die man ohne es zu wollen gestzt werden, es war wie das Gitter vor der Tür, gesperrt hinter dem Eisen des Alters, schwer, rostig. ich wollte nur weg laufen, genauso wie ich vor dem Altern weg laufen will. die Szenerie seitdem ich ihn umgezogen habe ist ganz anders, er sitzt Nachmittags in einem Garten, mit vielen anderen, alle sind fröhlich und glücklich, trotz all den Grenzen die man als Alt hat. zumindest hat er ein bisschen mehr Würde in seinen letzten Tagen. ich muss mich auch nicht deprimieren und fange endlich an ein Vater zu haben.