quinta-feira, 18 de junho de 2009

fio

na verdade iria pegá-lo daqui a dez dias, mas a dona do canil me ligou ontem e pediu que eu o trouxesse mais cêdo.
como dizer não?
a princípio iria chamá-lo Tupã, pois nascido dia 19 de abril, dia do índio. difícill de chamá-lo, especialmente aqui em terras sem índios.
depois fiquei entrei Williy, Billy, Phillip, mas no final das contas ele tem mesmo é cara de FIO.
bem vindo à minha vida!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

48 Stunden Neukölln


de 26 a 28 de junho, acontecem as 48 horas de Neukölln, um projeto cultural patrocinado pela gerência cultural do meu bairro, Neukölln.
nestas 48 horas o bairro se apresenta e apresenta seus artistas e criadores, pintores, fotógrafos, cineastas, videastas, grupos de teatro e dança e performance, enfim tudo o que o bairro tem no seu balaio criativo.
eu pretendia participar do evento com uma série de pinturas, mas tive de ir para o Brasil e passar tres meses lá, levei material para trabalhar o que realmente cheguei a fazer até a chuva chegar e com ela a inenarrável força da humidade tropical. aquilo que estava sêco foi já devidamente empacotado e protegido. o que não estava, esperei secar. e o que ainda não havia começado, deixei para começar aqui.

havia levado minha camera analoga, o mesmo tipo de camera que a minha colega de exposição usou para fotografar o seu projeto.
consegui selecionar 12 fotografias em preto e branco, as cópias em papel fosco têm tamnho 50X50. resolvi deixar as pinturas para expor mais tarde e sozinho. são tão simples, mas extremamente pessoais, não poderia mostrá-las neste contexto.
as fotos em preto e branco feitas na Bahia, por outro lado mostram um olhar muito pessoal e muito atual da minha memória emocional e da minha última visita. minha colega, por outro lado resolveu chamr o seu trabalho de "vermes cosmopolitas", uma outro olhar de outras paisagens, Belin, a Europa do Leste. no final acho que o conjunto dos dois trabalhos paralelamente, vai funcionar bem melhor do que no caso das pinturas.

assim que a vernissage acontecer, irei publicar o trabalho no meu portifólio virtual. 

sexta-feira, 5 de junho de 2009

a história do Ó

e um belo dia a tecla O do meu querido portátil, como chamam meus primos os seus notebooks , soltou-se...
procurei na Bahia um representante da Apple, lá nos cafundós das torres gêmeas, um dos lugares mais complicados e chatos para se dirigir em quase todo o mundo. e chovia. resolvi pegar um taxi.
em lá chegando, os dois técnicos da loja estavam no horário de almoço, lá fui eu também almoçar para matar a fome que tinha e diminuir a espera.
depois do almoço e alguns cafézinhos, chegou um dos dois. tinha uma cara de pós-adolescente e um ar rígido que tentava encobrir-lhe o metro e meio de altura.
eu tiro o compu da bolsa, mostro para ele... este olha toca a tecla, faz cara de sabido e diz:
vai ter que deixar aqui, vamos ter de abrir seu computador e trocar as teclas
eu olhei para a cara dele e disse:
abrir meu computador? nê-á-ó-til: NÃO!
ele: o que é, o Senhor (ái como eu detesto esta estória de chamar o mundo de senhor e senhora!!!) não confia no nosso serviço não, é? pois saiba que somos formados e especializados pela Apple.
eu: pode até ser, mas meu computador você não há de abrir. passar muito bem. 
e fui. fui fazendo minha cabeça, se incomode não, mais umas semanas (4!!!) e você tá de volta, vai na loja e tudo bem.
hoje eu fui, coloquei o compu na bolsa, peguei minha bicicleta e fui até a loja do outro ladao da cidade.
o técnico me chama, eu mostro o problema, ela me diz... um minuto eu volto já.
foi e voltou em cinco. computador na mão, sorriso no rosto dizendo: está pronto, posso lhe ajudar em mais alguma coisa?
o prazer de ter meu O de volta INENARRÁVEL.
a felicidade de estar de volta a um mundo em que as coisas funcionam, INFINITA.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

direitos humanos.1

hoje na rua aqui em Berlin, ví um punk juntando as bagas de ciagarro de um cinzeiro na frente de um shopping center.
logo aquilo me assustou, para onde mais fundo cair depois de estar catando as bagas de cigarro que estranhos deixaram na areia de um cinzeiro gigante de porta de shopping???
daí me lembrei da minha estadia na Bahia e do encontro marcado que tinha todos os sábados por volta das 17:00hs. quando voltava da minha visita vespertina de sábado no Lar Franciscano para o apartamento alugado na Carlos Gomes. um mundo de lixo cobria a Carlos Gomes e naquela maré cheia pescavam dos sacos azuis os mendigos, as sobras dos restaurantes a quilo, sobras? o lixo dos restaurantes a quilo! para comer, alguns o faziam alí mesmo diretamente do saco! depois sobrava o brilho do plástico sob a luz amarela dos postes, um mar estilhaçado de plástico azul, negro, restos de papel higiênico a voar pela avenida, dando um ar ainda mais macabro à cena.
na Alemanha é mais difícil ver alguém catando o de comer do lixo dos outros. aqui só passa fome mesmo que já se esqueceu de sí mesmo em todos os sentidos. mas mesmo assim há a pobreza, talvez até a miséria, em forma bem diferente do que o que nós brasileiros estamos acostumados. mesmo assim triste, mesmo assim existente.
ainda assim se embrulha o meu estômago, tanto ao ver o punk catando bagas, como todas as vezes que vi os miseráveis comendo diretamente dos sacos de lixo na Bahia.
se muito não me engano o primeiro artigo dos direitos humanos é:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."
 
alguém já parou pra pensar direito nestas duas frases?
será que estamos plenamente conscientes de que nada disso é verdade?

quantas crianças nascem diáriamente no Brasil e no mundo já sem liberdade, sem direitos?
e quantas destas crianças se transformarão em seres dotados de nenhuma razão, sem o mínimo de consciência e que jamais agirão para com quaisquer que sejam os outros com espirírito de fraternidade?


se amanhã eu ver de novo alguém pegando uma baga de cigarro no cinzeiro, meu estômago não vai mais se embrulhar, porque sei que este aqui o faz porque quer.
mas pelos sábados de tarde na Carlos Gomes, meu estômago ainda  há de embrulhar-se e muito!


terça-feira, 2 de junho de 2009

reflexos

os dias se passam, o tempo volta ao normal, o ôco no juízo volta a se preencher. as imagens, os sons, os reflexos deste três meses no Brasil... saudades, lembranças, melancolias, alegrias também.
foi uma viagem longa e por demais introspectiva. 
vinte anos se passaram e tanto que aconteceu, estou aqui de volta e estou ainda lá. muito se foi remexido, poeiras tiradas, outras ainda tão entranhadas.
e o reflexo disso tudo ainda assim destorcido e turvo. emaranhado. lembrança tangente.